☆Por vezes sinto os aromas de outrora.
Deitado na minha cama ouvia lá fora os operários a conversar enquanto caminhavam (uns para o trabalho, outros para casa), a moto do padeiro que passava todos os dias cerca das seis da manhã, o primeiro autocarro vindo da Aldeia do Carvalho pouco depois da moto do padeiro. Era assim todos os dias, chovesse ou fizesse sol, a rua tinha gente logo pelo nascer da aurora.
A rua onde morava era das mais movimentadas da cidade, ( ainda hoje ), muita gente principalmente mulheres iam cedo ao mercado e regressavam ainda a tempo de preparar os filhos para a escola, ainda ouço a minha mãe "Paulo levanta-te está na hora" , e eu que sempre ficava mais um pouco debaixo dos lençóis lá acabava por me levantar à pressa e correr para o quarto de banho. Depois de um pequeno almoço apressado, ia buscar a pasta com os livros da quarta classe e sair a caminho da escola que não era longe de minha casa.
Verdes anos esses que as ruas tinham mais gente que circulava a pé, que davam os bons dias e os cavalheiros ainda cumprimentavam as senhoras tirando o chapéu.
Quando hoje passo naquela que foi a "minha rua" sinto que já não é a mesma, muitas lojas encerraram, o padeiro da mota já não circula mais, os operários das seis horas da manhã deram lugar aos Universitários que em vez de virem das fábricas, vêm das discotecas e a minha escola não existe mais… Ah! as mulheres deixaram de se levantar para irem ao mercado e os autocarros da Aldeia , passaram a vir da vila e são amarelos em vez dos vermelhos e brancos.
Igual igual é o Sol e a chuva que mostram que apesar de tudo a vida continua…
Rua Comendador Campos Melo (Rua Direita) |
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