Caía neve na cidade, algo habitual nesta altura do ano, mas naquele dia estava feliz, era dia de fazer o presépio lá em casa o que significava que pouco faltava para o Natal. Alguém já tinha trazido o musgo e eu abria a velha caixa que continha as preciosas peças,uma a uma desde as lavadeiras, aos pastores, casas, rebanho, até aos principais personagens incluindo a palhinha para deitar o menino. Com as pratas dos maços de tabaco fazia um extenso rio entre o verde do musgo. Ao lado colocava-se o verdadeiro pinheiro decorado com umas simples luzes.
Recordo que uma das coisas que nunca perdia era o Natal dos Hospitais um programa de excelência numa altura em que só existiam dois canais... Amália Rodrigues, Herminia Silva, Manuela Bravo, José Cid, Duo Ouro Negro, Max e tantos outros que actuavam nos Hospitais das 14:00 às 20:00 horas.
Nesses anos o Natal vivia-se intensamente na última semana, ficava feliz com qualquer prenda que fosse ( eram anos de pouco consumismo ) na véspera toda a família se reunia à mesa e existia um calor humano muito forte e gratificante. Meia noite, missa do galo a Igreja de Nossa Senhora da Conceição enchia e depois da missa lá íamos para casa continuar a consoada que por vezes durava até de madrugada, ah! o melhor de tudo era quando me mandavam ir à cozinha ver se o Pai Natal já lá tinha ido, e claro que sim! Que bom que era esta ilusão do velhinho nos deixar as prendas...
Lá fora a neve continuava a cair nesse longínquo ano de mais um Natal feliz, Natal na Covilhã.
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