Hoje vou falar um pouco da minha infância.
Nasci na Rua Comendador Campos Melo (Rua Direita), bem no centro da cidade da Covilhã, as brincadeiras de criança eram quase todas passadas no jardim público onde jogávamos às apanhadas, ao berlinde, aos castelos, às escondidas e uma quantidade de coisas que me fogem da memória. Quando o parque infantil foi montado ao fundo do jardim foi diversão garantida, quem não se lembra de ver a "barca" virada várias vezes ao dia? os cavalinhos a andar com velocidade supersónica? os baloiços a dar piruetas? 😀
No adro da Igreja jogávamos à bola (apesar do Sr. Padre se fartar de gritar connosco) entre todos juntávamos os trocos e com dois escudos e cinquenta centavos lá ia um de nós ou à loja do Sr. Raúl Paiva ou do Sr. Morão a comprar uma bola de plástico que vendiam em grandes sacos na porta do seu comércio, escusado será dizer que ao primeiro pontapé bem colocado nessa bola e já não saltava mais😀
Seria impossível estar a falar em brincadeiras sem falar no campo das festas, aí sim, grandes jogos de futebol aí fazíamos, com árbitro e tudo, o pior é quando alguma "rosca" na bola a fazia vir parar cá em baixo à Avenida Frei Heitor Pinto... quem fosse a buscar tinha muito de descer e de subir.
Quando tínhamos uns trocos a mais e a fome apertava, íamos à padaria no Largo de Infantaria 21, onde a Dona São nos atendia sempre simpática pois era onde as nossas mães se aviavam todos os dias e por vezes até ficava na conta para elas pagarem.
Por alturas do São João todas as ruelas faziam bailaricos, fogueiras e cheiro a rosmaninho pela noite dentro, ainda me recordo do Senhor que vendia bombinhas e estalinhos ali na Avenida Frei Heitor Pinto. Pelo Carnaval além das bombinhas e estalinhos, tínhamos as garrafinhas de mau cheiro e as lutas com as seringas (pistolas de água), nessa altura não existia a ASAE 😀e os grandes bailes no Arsenal de São Francisco👬
Os fins de semana principalmente no Inverno eram de grande azáfama na cidade. Nos anos 70 e 80 centenas de autocarros invadiam a cidade com destino à Serra da Estrela, pernoitavam de sábado para domingo e era ver um mar de gente de noite, quartos esgotados, Teatro Cine e Cine Centro lotados, cafés "à cunha", lembro-me de não conseguir entrar na Leitaria Triunfo, tal a quantidade de pessoas no seu interior.
Nomeei alguns nomes, podia nomear outros tantos que fazem parte da nossa memória em São Francisco, tenho receio de falhar algum e penso não ser merecido. A todos os meus amigos de altura, aos jardineiros e funcionários da Biblioteca que tiveram de nos aturar, a todos os lojistas das nossas ruas, às coletividades da freguesia, aos Sr. Padres (grande abraço ao Sr. Padre Fernando Brito) e aos nossos Pais, na sua maioria já não estão entre nós , um grande mas grande obrigado de um tempo que fica nos nossos 💗
Aos nossos filhos e netos para memórias futuras. 🌷