Tenho saudades da minha rua cheia de vida, dos comerciantes super simpáticos, dos pudins feitos pela minha avó Maria, de ver os "pequenos vagabundos" no café Danúbio, das línguas de gato da loja do Sr. Raúl Paiva, da padaria com a simpática D. Conceição…
Saudades do jardim público sempre bem arranjado com seus canteiros de flores e do lago com peixes dourados, da feira de são Tiago no campo das festas e depois na estação, das entradas grátis por baixo do pano nos circos, das brincadeiras com os meus amigos aos castelos, aos esconderijos, ao futebol, das camionetes cheias de turistas aos fins de semana e dos famosos gorros da cidade, do cinema do "Pina" e do "Grease" no Cine-Centro.
Saudades da Piscina dos Penedos Altos onde o sol dava todo o dia, da escola da Dona Gabriela e do Ciclo Preparatório ao jardim, do Professor Barata, Ivone, Rosa, Cruz… dos contínuos Joaquim e Manuel, do anexo ao jardim, da catequese em casa do Sr. Padre na rua Comendador Campos Melo, das excursões da paróquia de São Francisco, do barulho do café sempre que havia um Sporting-Benfica na RTP, do Natal dos Hospitais a preto e branco, das broinhas de requeijão feitas por uma senhora da Rua dos Combatentes da Grande Guerra, da Crónica Feminina que minha mãe lia religiosamente quando saía, do último episódio da Gabriela, do Patinhas e sobrinhos…
Saudades do sinaleiro para me dar passagem em frente ao Montiel, dos farta brutos e das gargantas de freira da Lisbonense, do sempre simpático Sr. José, do ver e depois jogar bilhar na sede do Sporting da Covilhã, da subida em 1984, do Polo-Norte, do café Solneve, Central, João Leitão, do mítico Montalto com a sua cave, das máquinas de flippers, da tabacaria do Leal, da placa oval do pelourinho sempre cheia de automóveis, de apanhar os autocarros em frente às arcadas, da romaria para o Santos Pinto a pé sempre que havia futebol, das dezenas de anjinhos da procissão dos passos e da multidão que com devoção participava nela, a enchente no Calvário…
Saudades de enviar cartas nos Correios, das visitas ao hospital e ter de pagar bilhete, de ir à praça com a minha mãe, dos pinhões e das santinhas, de ver os homens no redondo da praça a mirarem as Senhoras, do largo de São Silvestre, do café do Gavinhos, dos carros de praça estacionados no largo 5 de Outubro…
Saudades do liceu, das aulas aos sábados de manhã, da série Verão Azul, do café Primor, de ver a placa Covilhã na palmatória, do posto de trânsito, do ruído das sirenes das fábricas, das camionetes azuis para a Aldeia do Carvalho, da Igreja de São Francisco…
Saudades de todos os meus amigos de infância , de todos os que partiram mas ficam em nossos corações…
Saudades de tudo e de todos mas continuas linda, serás sempre Covilhã!